Dados do Trabalho
Título
ENDOCARDITE INFECCIOSA CURSANDO COM ISQUEMIA MESENTERICA, DEVEMOS ANTICOAGULAR? UM RELATO DE CASO
Introdução
A isquemia mesentérica aguda refere-se a hipoperfusão súbita intestinal, que pode ocorrer devido a interrupção do suprimento sanguíneo arterial ou obstrução do fluxo venoso. A obstrução arterial oclusiva se deve a uma embolia aguda ou trombose e afeta mais comumente a artéria mesentérica superior (AMS). A embolização séptica é uma complicação potencialmente grave da endocardite infecciosa (EI). Entretanto, a associação de EI com isquemia mesentérica é um evento raro e pouco debatido na literatura.
Objetivos
Discutir a associação entre isquemia mesentérica e EI, e a indicação de anticoagulação.
Delineamento e Métodos
Descrição do Caso
Paciente do sexo masculino, 80 anos, com história de insuficiência aórtica, submetido a implante de válvula biológica em 2017. Internado para tratamento de discite e a despeito do uso de antimicrobianos mantinha sudorese noturna, febre e aumento das provas inflamatórias. Como propedêutica infecciosa, foi realizado ecocardiograma transesofágico, visualizando vegetação de 5mm em valva mitral. Hemoculturas mostraram Streptocucus gallolyticcus. Paciente recebeu vancomicina e meropenem e após 2 semanas de tratamento, evoluiu com desconforto abdominal. Ao exame físico apresentava abdome sem sinais de peritonite. Realizado tomografia abdominal, que revelou sinais sugestivos de isquemia mesentérica, com obstrução da AMS.
Resultados
A anticoagulação na isquemia mesentérica está bem estabelecida pela literatura médica,
porém, diante de êmbolos sépticos, a sua indicação ainda é controversa. As diretrizes
da Sociedade Europeia de Cardiologia expõem que não há indicação para o início de
drogas antitrombóticas ou anticoagulantes durante a fase ativa da EI. Isso se deve ao
baixo nível de evidência, além de aumentar o risco de sangramento.
Dentre os pacientes com maior risco, estão aqueles com S. Aureus ou que sofreram um
evento neurológico anterior. Essa observação formou o cerne do argumento contra a
anticoagulação no paciente.
Após o amplo debate, optou-se por iniciar a anticoagulação no paciente em questão,
sem efeitos adversos até o presente momento. Na ausência de diretrizes definitivas,
este caso abre uma discussão importante desta entidade rara, o que exigirá mais estudos
para ser melhor elucidada.
Conclusões
A EI secundária à bacteremia por bactérias do complexo S.bovis está fortemente
relacionada à doença neoplásica colorretal e aos eventos tromboembólicos
gastrointestinais. A indicação de anticoagulação terapêutica em casos de isquemia
mesentérica por êmbolo séptico ainda é controversa.
Palavras Chave
Endocardite
Isquemia mesenterica
Anticoagulação
Área
Trabalhos Científicos
Autores
KENIA FERREIRA ROSA, JUNIA DE AGUIAR LAJE, VANESSA KELLY RODRIGUES COSTA, LETICIA PONTES REIS, LUISA HEMETRIO LAZARINI