Dados do Trabalho


Título

TERAPIA HORMONAL NA POPULAÇAO TRANSGENERO: MANEJO CLINICO BASEADO EM EVIDENCIAS

Introdução

A população transgênero historicamente praticou a auto-medicação hormonal por motivações como medo da discriminização por profissionais da saúde e pelo alto custo do tratamento. Atualmente, percebe-se uma tendência de busca por acompanhamento médico para esta propedêutica, o que torna esse conhecimento e manejo – ainda pouco estudado pela classe médica – um desafio na prática clínica.

Objetivos

Sistematizar as evidências a respeito do manejo da hormonização da pessoa transgênero nos quesitos metas terapêuticas, screening, resultados esperados e follow-up.

Delineamento e Métodos

Revisão sistemática nas bases de dados PUBMED, UpToDate e Cochrane. Utilizaram-se três descritores e foram selecionados dez artigos datados entre 2015 e 2022.

Resultados

A terapia hormonal para mulheres transexuais objetiva eliminar a pilificação facial, desenvolver as mamas e redistribuir massa e gordura corporal para fenótipos femininos. A terapia de maior relevância na literatura se baseia no binômio medicamentoso estrogênio/anti-androgênicos, sendo o esquema 17–ß–estradiol oral, 2 a 4mg/dia associado a espironolactona 100mg a 300mg/dia o mais utilizado por sua ação sinérgica na supressão do eixo gonadal, síntese e liberação de androgênios. O acompanhamento visa dosagem sérica de testosterona, estrogênio, potássio, triglicerídeos e prolactina dentro dos valores de referência de mulheres cisgêneros. O seguimento para câncer de mama e próstata devem ser feitos seguindo os protocolos de mulheres e homens cisgêneros, respectivamente. Já o manejo nos homens transexuais visa induzir a virilização, pilificação fenotípica masculina, interrupção da menstruação, tonificação vocal e involução de mamas. A testosterona é a base terapêutica e apresentação parenteral demonstrou maior eficácia e aderência. Os esquema preferencial é 50 a 100 mg de enantato de testosterona ou cipionato de testosterona semanal ou 200 mg quinzenais. O acompanhamento inclui dosagem sérica de testosterona e estradiol, sendo que este será dosado apenas nos primeiros seis meses ou até interrupção menstrual e seus níveis não devem ultrapassar 50 pg/ml. A hormonização neste subgrupo aparenta ser de maior segurança e menos efeitos adversos.

Conclusões

A posologia e esquemas terapêuticos da terapia hormonal na população transgênero possuem níveis evidências mais consistentes, enquanto as complicações cardiovasculares, dislipidêmicas e reprodutivas associadas a terapêutica demandam maiores estudos acerca do seguimento ambulatorial individualizado para esses pacientes.

Palavras Chave

Terapia hormonal, Transgenero, Endocrionologia

Área

Trabalhos Científicos

Instituições

Universidade de Itaúna - Minas Gerais - Brasil

Autores

PAULA MOREIRA ALMEIDA, BRENDA PEREIRA SOARES , PAULA COSTA SOUSA