Dados do Trabalho


Título

CIRROSE HEPATICA POR HEMOCROMATOSE HEREDITARIA: UM RELATO DE CASO

Introdução

A hemocromatose hereditária (HH) é um distúrbio autossômico recessivo, caracterizado pela absorção excessiva de ferro na mucosa intestinal, estando relacionado, na grande maioria dos pacientes, à mutação no gene HFE. Essa anormalidade leva ao acúmulo de ferro, especialmente nos hepatócitos, cardiomiócitos e ilhotas de Langerhans. Uma das suas manifestações clínicas mais importantes é a cirrose hepática, cujo diagnóstico precoce é fundamental para estabelecer a progressão da doença.

Objetivos

Descrever um caso de cirrose hepática decorrente de provável HH e discutir os aspectos diagnósticos e o caráter evolutivo da doença.

Descrição do caso

Paciente M.C.M, sexo feminino, 57 anos, natural de Rio Casca, Minas Gerais, e procedente de Venda Nova, foi encaminhada ao serviço de Gastroenterologia para avaliação de hepatopatia crônica, identificada pelo achado ocasional de plaquetopenia em exame de risco cirúrgico. À avaliação inicial apresentava icterícia (+/4+), hepatoesplenomegalia e edema simétrico em membros inferiores (+++/4+) com cacifo positivo, prosseguindo com perda de peso não intencional, 7 kg em 10 meses (7%). Os exames laboratoriais revelaram além da plaquetopenia, TGO 66, ferritina de 286,68 e índice de saturação de transferrina (IST) de 89%, com restante da propedêutica para hepatopatias normal. Os exames de imagem confirmaram a hepatoesplenomegalia e apontaram sinais de hipertensão porta, sendo observado em ressonância magnética (RM), realizada em junho de 2022, acentuada sobrecarga de ferro hepático, com concentração estimada em 8,4 mg/g. Frente a esse quadro, foi proposto o diagnóstico de hepatopatia crônica fibrosante por provável HH, principalmente pelos achados imagiológicos da RM e pelo aumento do IST.

Conclusões

A HH pode se manifestar clinicamente de forma ampla, com sinais e sintomas inespecíficos, como fadiga, dor abdominal e artralgia, sendo a cirrose hepática e o diabetes mellitus possíveis complicações tardias pela sobrecarga progressiva de ferro. Dessa forma, fica evidente a necessidade do rastreamento através da investigação laboratorial (IST e ferritina sérica) e a realização da RM, visto que não é possível fazer o teste genético pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esses exames são capazes de detectar a sobrecarga de ferro nos órgãos e assim confirmar a correlação do quadro de cirrose com a HH. Assim, será possível evitar a progressão do quadro, contribuindo para um prognóstico mais favorável, visto que existem tratamentos que podem retardar a progressão da doença.

Palavras Chave

Cirrose Hepática; Hemocromatose; Hipertensão Portal.

Área

Trabalhos Científicos

Autores

FERNANDA CAETANO SOLANO OLIVEIRA, ALEXANDRE DE CASTRO BROMMONSCHENKEL, GUSTAVO GUIMARÃES ROCHA FIGUEIREDO, STELLA GONTIJO SANT’ANNA VAZ DE MELO DORNELES, ANA LUIZA DUARTE PIMENTA DE FIGUEIREDO