Dados do Trabalho


Título

TETRAPARESIA FLACIDA AGUDA SECUNDARIA A HIPOCALEMIA GRAVE: UM RELATO DE CASO

Introdução

As tetraparesias flácidas agudas (TFA) são condições desafiadoras e potencialmente fatais, das quais os diagnósticos diferenciais podem abranger desde doenças desmielinizantes até distúrbios hidroeletrolíticos. O diagnóstico etiológico precoce e intervenção adequados tem impacto no desfecho do quadro.

Objetivos

Relatar uma apresentação clínica rara e grave de um distúrbio eletrolítico comum na prática clínica.

Descrição do caso

Paciente, masculino, 39 anos, previamente hipertenso em uso de losartana e hidroclotiazida e etilista diário. Iniciou com quadro de diarreia não inflamatória, evoluindo a seguir com tetraparesia flácida aguda, iniciada em membros superiores e progredindo para membros inferiores. A fraqueza muscular era simétrica e mais acentuada em região proximal com progressão distal, além de hiporreflexia. Os exames da admissão demonstravam elevação de creatinofosfoquinase (5375), hipocalemia grave (K 1,5), hipomagnesemia e alcalose metabólica. Potássio urinário em amostra isolada veio no limite superior da normalidade (15,5), e atividade de renina plasmática e aldosterona não foram compatíveis com hiperaldosteronismo. Realizada avaliação neurológica, com coleta de líquor e exames de imagem, todos normais e iniciado correção de íons. Paciente evoluiu com melhora progressiva do quadro e boa recuperação da força muscular após normalização do potássio. Acredita-se que a etiologia da hipocalemia tenha sido multifatorial, perda gastrintestinal e perda renal (uso de tiazídico e hipomagnesemia).

Conclusões

A TFA é uma síndrome clinica que abrange diversas possíveis etiologias, sendo a hipocalemia um deles. Na vigência de hipocalemia inclui-se causas como vômitos, diarréia, medicações, sendo os diuréticos de alça e tiazídicos as mais relacionadas, assim como outras condições que levam a perda renal ou alteram o shift intracelular. As apresentações mais severas de hipocalemia (fraqueza muscular, rabdomiólise e arritmas cardíacas) geralmente ocorrem com K menor que 2,5 mEq/L. O acometimento muscular comumente é de caráter ascendente e com a possibilidade de progredir para paralisia, sendo um diagnóstico diferencial da síndrome de Guillain-Barré. Portanto, apesar de ser um distúrbio eletrolítico comum, a hipocalemia deve ser sempre um diagnóstico diferencial ser cogitado em quadro de fraqueza muscular e paralisias flácidas, uma vez que o curso dessa apresentação pode ser grave se a reposição do íon não for instituída precocemente.

Palavras Chave

Hipocalemia; tetraparesias flácidas agudas; Guillain-Barré

Área

Trabalhos Científicos

Instituições

COMPLEXO DE SAÚDE SÃO JOÃO DE DEUS - Minas Gerais - Brasil

Autores

ALICE CABRAL BARBOSA, IHAN BRUNO LOPES RABELO, ISABELA LUISA OLIVEIRA, RICARDO HENRIQUE SILVA MIRANDA, BRUNA XISTO MESQUITA DE OLIVEIRA