Dados do Trabalho
Título
CRIPTOCOCOSE MEDULAR COM REAÇAO LEUCOERITROBLASTICA EM PACIENTE COM SINDROME DA IMUNODEFICIENCIA HUMANA
Introdução
O Cryptococcus neoformans é um fungo encapsulado que, em geral, acomete pulmões e sistema nervoso central, podendo também manifestar-se de forma disseminada, com mortalidade de 96% mesmo em vigência de tratamento, sendo a segunda causa de óbito em pacientes imunossuprimidos. A criptococose medular é uma forma rara e grave de acometimento, com sintomatologia pobre e inespecífica e difícil diagnóstico. Em relação ao acometimento medular, o Cryptococo pode também atuar de forma sinérgica ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) na gênese de citopenias, cursando com aspirado medular seco. A reação leucoeritroblástica, por sua vez, é caracterizada pela presença de células eritroides e mieloides imaturas no sangue periférico e normalmente está relacionada a doenças como mielofibrose, desordens mieloproliferativas e neoplasias, sendo raramente associada a infecções.
Objetivos
Apresentar caso raro de criptococose medular em paciente imunossuprimido oligossintomático com reação leucoeritroblástica em hemograma.
Descrição do caso
RVP, sexo masculino, 38 anos, previamente hígido, procurou atendimento médico com quadro de prostração, astenia, tosse e dispneia progressivas ao longo de 15 dias. Admitido com dessaturação, evoluiu rapidamente com insuficiência respiratória, necessidade de intubação orotraqueal e foi diagnosticado com COVID-19. Revisão laboratorial da admissão evidenciou hemograma com hemoglobina de 7,9; leucocitose de 16.960 e reação leucoeritroblástica. O paciente foi submetido a mielograma, com aspirado medular seco, e a biópsia de medula, com identificação de criptococose medular. Além disso, hemoculturas e análise liquórica evidenciaram criptococose disseminada. Propedêutica complementar diagnosticou também infecção pelo HIV com carga viral de 1.460.000 cópias e 263 linfócitos T CD4. O paciente recebeu tratamento com anfotericina B complexo lipídico e fluconazol, porém durante a internação intercorreu com injúria renal aguda grave, necessidade de terapia renal de substituição, além de choque séptico de foco pulmonar. A despeito das medidas clínicas e terapia antimicrobiana de amplo espectro, o paciente evoluiu a óbito após mais de 30 dias de internação.
Conclusões
As criptococoses medular e disseminada podem ser a primeira manifestação de imunossupressão pelo HIV. Diante da sua gravidade e da sintomatologia inespecífica, é necessário alto nível de suspeição, e achados como a reação leucoeritroblástica devem ser valorizados e investigados.
Palavras Chave
Criptococose. HIV. Reação leucoeritroblástica.
Área
Trabalhos Científicos
Instituições
Hospital Governador Israel Pinheiro - Minas Gerais - Brasil
Autores
LAURA PEIXOTO DE MAGALHAES, GEORGIA REZENDE, VINICIUS AVELAR, MARCELA ALVIM, LARISSA PERISSÉ