Dados do Trabalho

Título

FATORES DE RISCO PARA EVENTOS CEREBROVASCULARES EM PACIENTES COM CARDIOPATIA CHAGASICA

Introdução

A doença de Chagas (DC) está associada a altas taxas de mortalidade, sobretudo em pacientes que apresentam cardiomiopatia e insuficiência cardíaca. Essa população também exibe maior propensão à morte súbita, à arritmia e ao acidente vascular cerebral (AVC). A prevalência de AVC é maior nos pacientes com fibrilação atrial (FA), trombos e aneurismas apicais e disfunção sistólica ventricular esquerda.

Objetivos

O presente trabalho tem como objetivos avaliar uma coorte de pacientes com doença de Chagas e comparar características clínicas e ecocardiográficas entre um grupo com AVC e sem AVC.

Delineamento e Métodos

O delineamento desse estudo foi transversal, construído a partir de um banco de dados previamente elaborado com pacientes com DC. Foram incluídos pacientes com DC confirmada após dois testes sorológicos positivos, e o comprometimento cardíaco foi confirmado por eletrocardiograma e/ou ecocardiograma. Um total de 518 pacientes foram incluídos; destes, 164 apresentavam diagnóstico prévio de AVC. Foram analisadas 8 variáveis: sexo, idade, presença de FA, uso de marcapasso, fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), volume do átrio esquerdo, presença de aneurisma apical e de trombo apical.
Para as variáveis categóricas, foi utilizado o teste qui-quadrado. As variáveis contínuas foram inicialmente classificadas em “normais” e “não normais”, e, após essa definição, foi realizado teste de T-student para o primeiro grupo ou Mann-Whitney para o segundo.

Resultados

A presença de aneurisma apical e a existência de trombo ventricular foram as variáveis com diferença estatisticamente significativa encontrada entre os grupos de pacientes com e sem evento isquêmico cerebral. Aneurisma apical estava presente em 48% dos pacientes com história de AVC e em 30,5% dos pacientes sem essa complicação. Em relação à presença de trombo ventricular, 23,2% dos pacientes com AVC tinham este achado, comparando-se com apenas 8,4% dos pacientes que não tinham histórico desse evento.

Conclusões

O estudo se adequou aos objetivos propostos. Os resultados estatísticos obtidos foram compatíveis com a história natural da DC, possibilitando a análise de uma correlação entre a presença de aneurisma e de trombo apical e a ocorrência de eventos cerebrovasculares em pacientes chagásicos.

Palavras Chave

Doença de Chagas; Cardiopatia; Acidente Vascular Cerebral