Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: LESAO HEPATICA MEDICAMENTOSA INDUZIDA PELO USO PROLONGADO DE NITROFURANTOINA PARA PROFILAXIA DE INFECÇAO DO TRATO URINARIO (ITU)
Introdução
Lesão hepática induzida por drogas é um problema relevante na prática clínica atual e sintomaticamente podem mimetizar doenças hepáticas agudas e crônicas, sendo uma causa frequente (até 25%) de falência hepática aguda com prognóstico reservado – estima-se em cerca de 12% a taxa de mortalidade por novos casos/ano. A Nitrofurantoína é uma das medicações que pode causar toxicidade hepática, com manifestações sistêmicas de hipersensibilidade, devendo ser, portanto, utilizada com cautela.
Objetivos
Estabelecer correlação entre o uso prolongado de Nitrofurantoína e a indução de lesão hepática mista, com o intuito de promover o uso racional de tal medicação.
Descrição do caso
SBS, feminino, 59 anos, iniciou com sintomas de empachamento, evoluindo com cansaço, icterícia e escurecimento da urina, sem acolia fecal. Realizado ultrassonografia abdominal, sendo afastado dilatação de vias biliares intra e extra-hepáticas, bem como alterações pancreáticas. Exames laboratoriais evidenciaram elevação de transaminase glutâmico oxalacética (TGO: 1687 U/L), transaminase glutâmico pirúvica (TGP: 1310 U/L), Bilirrubina direta (Bd: 8,1 mg/ dL) e canaliculares (gama glutamil transferase: GGT: 897 U/L; fosfatase alcalina: FA: 992 U/L). Excluídas hepatites virais. Paciente manteve-se ictérica e sem queixas. Informa utilizar Nitrofurantoína diariamente há dois anos devido à profilaxia para ITU de repetição (dois episódios ao ano). Realizado exames para pesquisa de autoimunidade, com os seguintes resultados: imunoglobulina G: 1867 mg/dL (Valor de Referência: VR: 751 - 1560 mg/dL), fator anti nuclear FAN: 1/320 nuclear pontilhado fino, anti músculo liso não reagente, ceruloplasmina não reagente, anti citoplasma de Neutrófilos (p Anca e c Anca não reagentes), anticorpos anti mitocôndria não reagente. Realizada descontinuação da Nitrofurantoína e instituído hidratação venosa. Com o passar de três meses houve queda em relação aos exames laboratoriais, tendendo a normalização destes (TGO: 42,9 U/L; TGP: 37 U/L; GGT: 352 U/L; FA: 158 U/L; Bd: 0,29 mg/dL).
Conclusões
É possível notar que a exposição à droga precedeu o início da lesão hepática, bem como a descontinuação do medicamento leva à melhora do quadro clínico. Além disso, a pesquisa de auto anticorpos, com resultados negativos, como anti musculo liso e anti mitocôndria, correlaciona-se ainda mais ao diagnóstico de hepatite medicamentosa.
Área
Trabalhos Científicos
Instituições
Hospital Julia Kubitscheck - Minas Gerais - Brasil
Autores
TAINA ARAUJO WERNECK, PATRICIA VIVIANNE DA SILVA PEDRA, CRISELLEN DELOGO SINETE, NATHALY SILVA SILVEIRA, ANA JULIA FARIA CAMARGOS